Temos conhecimento de determinadas espécies de fungos presentes no dia-a-dia culinário de todos nós, principalmente quando preparamos um prato com os ditos cogumelos.
Contudo, podendo causar danos tanto a seres humanos quanto a animais, existem determinados gêneros de fungos presentes no alimento que podem causar doenças.
Dentre os gêneros patogênicos relacionados principalmente aos animais de produção, destacam-se:
- Aspergillus sp, contaminador frequente de grãos, como amendoim, milho, arroz e trigo, produzindo as aflatoxinas;
- Fusarium sp, presente no milho, trigo, sorgo, cevada, aveia e silagem de milho e rações, podendo produzir a fumonisina e a zearalenona.
A doença não é causada por causa da ingestão do fungo propriamente dito, mas sim de metabólitos secundários, produzidos nos alimentos ou na plantação, que o mesmo produz em condições ambientais ideais para seu crescimento. O excesso de umidade no campo e na estocagem, temperaturas extremas, práticas de colheita, estresse e infestação de insetos são os principais fatores que determinam a severidade da contaminação do alimento por essas substâncias.
A produção de aflatoxinas é favorecida por vários fatores e geralmente são produzidas com temperatura ótima entre 25°C a 30°C. Essa micotoxina pode ocasionar dano hepático agudo ou crônico, sendo o crônico o prevalente, tendo a redução do ganho de peso como primeira alteração verificada, além de haver evolução do quadro para anemia, icterícia, anorexia e depressão.
Além disso, o efeito carcinogênico e teratogênico tem sido observado em diversas espécies animais.
A produção da fumonisina, produzida principalmente pela espécie Fusarium verticilloides, é favorecida por temperaturas em torno de 20°C e 25°C. Os principais efeitos ocasionados por essa micotoxina são em equinos e suínos, causando a leucoencefalomalácia equina e edema pulmonar suíno.
Por fim, a produção de zearalenona, produzida pelas espécies Fusarium roseum, F. tricinetum, F. gibbosum e F. oxysporum, ocorre em temperaturas baixas (12° a 14°C). Os sinais clínicos mais evidentes são encontrados na espécie suína, destacando o edema da vulva e da glândula mamária, alargamento do útero, atrofia de ovário e prolapso anal e vaginal em fêmeas. Em machos, pode-se evidenciar edema de prepúcio, atrofia testicular, crescimento da glândula mamária e queda da libido e da qualidade do esperma.
As medidas fundamentais para evitar as micotoxicoses são evitar a estocagem de alimentos úmidos, secar adequadamente o cereal colhido e, fundamentalmente, não oferecer o alimento contaminado aos animais.
Tendo em vista que não existe tratamento específico para nenhuma das micotoxicoses citadas, a única medida empregada é o tratamento de suporte. Por causa disso, faz-se necessário a presença de um médico veterinário para que sejam realizados os cuidados necessários aos animais intoxicados.
Fonte: SPINOSA, H.S.; GORNIAK S. L.; PALERMO-NETO, J. Toxicologia Aplicada à Medicina Veterinária. Barueri, SP: Manole, 2008.
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